João Lourival – Campeão da 2.ª Divisão Júnior
A pessoa:
Nome: João Lourival
Idade: 43 anos
Treinador: Nível 1
Títulos: 2 títulos de Campeão Distrital Júnior da 2.ª Divisão pela Associação Académica de Leça, 1999/2000 e 2010/2011.
Percurso Desportivo:
Começou a sua carreira desportiva na Associação Académica de Leça com vinte anos de idade, como director da equipa sénior a convite de Fernando Santos, posteriormente passou a treinador-adjunto das equipas técnicas que passaram pela agremiação leceira e assim foi durante quatro anos também passou pelas formações do clube leceiro, até que chegou a treinador principal dos juniores, posteriormente trabalhou em diversos clubes.
Percurso de treinador:
Como adjunto:
2001/2002: 3.ª Divisão Nacional – A. Académica de Leça – 6.º Classificado
2002/2003: 3.ª Divisão Nacional – A. Académica de Leça – 3.º Classificado
2003/2004: 1.ª Divisão Distrital A. F. Porto – G. D. Praia Mar – 3.º Classificado
2005/2006: 3.ª Divisão Nacional – Barranha S. C. – Abandono à 5.ª Jornada
2007/2008: 3.ª Divisão Nacional – ARCA – Abandono à 15.ª Jornada
2008/2009: 3.ª Divisão Nacional – C. Académico de Sangemil – Abandono à 5.ª Jornada
Como treinador principal:
1999/2000: Júnior 2.ª Divisão Distrital A. F. Porto – A. Académica de Leça – Campeão
2000/2001: Júnior 1ª Divisão Distrital A. F. Porto – A. Académica de Leça – 6.º Classificado
2009/2010: Júnior 2ª Divisão Distrital A. F. Porto – A. Académica de Leça – 6.º Classificado
2010/2011: Júnior 2.ª Divisão Distrital A. F. Porto – A. Académica de Leça – Campeão
João Lourival abriu o livro falou não só da sua vida desportiva como também abriu o véu sobre a sua vida pessoal, o melhor será mesmo ler a entrevista.
“os momentos mais marcantes foram aqueles que por duas vezes fui campeão distrital de juniores”
Futsal-porto-distrital [FPD]: Nestes vinte e três anos qual foi o momento da tua carreira?
João Lourival [JL]: É assim, há duas fases distintas como treinador, não esqueço os anos que fui adjunto na Académica de Leça em que fizemos dois terceiros lugares na 3.ª Divisão Nacional, não subimos uma das vezes por um ponto e outra das vezes por um golo e depois como treinador de camadas jovens, claro que os momentos mais marcantes foram aqueles que por duas vezes fui campeão distrital de juniores, principalmente o deste ano. Este ano foi fantástico, foi uma época brilhante, foram vinte e seis jogos consecutivos sem perder, fui vencedor de Série e Campeão Distrital, na primeira vez que fui campeão, não venci a série, mas a mesma foi disputada em moldes diferentes, se nesta foi apenas um jogo há dez anos foi uma pool de quatro equipas.
FPD: Quais foram os momentos negativos?
JL: Como momentos negativos foram dois, um no Praia Mar onde não subimos ao Nacional por empatar no último jogo, se tivéssemos ganho tínhamos subido, e a outra foi no ARCA onde tinha vencido todos os jogos em casa, estávamos a um ponto do primeiro lugar, mas após uma derrota na Taça de Portugal em que perdemos nas grandes penalidades, decidiu-se de comum acordo entre a direcção e equipa técnica, o abandono, mas que se nos tivessem deixado trabalhar penso que conseguiríamos a subida à 2ª Divisão Nacional, mas não vale a pena adiantar muito sobre este assunto com a pena de começarmos aqui a especular.
FPD: Relativamente a esta época, à qual considero época de ouro, penso que a melhor tua época enquanto treinador, no qual venceste a tua série foste campeão e estiveste vinte e seis jogos sem perder, penso que foi o ponto alto da tua carreira?
JL: Sim sem dúvida.
FPD: Onde arranjas-te motivação a ti e aos teus jogadores para manter esta atitude vencedora?
JL: Os jogadores na época anterior incutiram um nome à missão que foi “rumo ao sonho”, andaram atrás desse objectivo, mas infelizmente não o conseguiram porque claudicamos nas últimas jornadas, esta época o sonho manteve-se. Foram sempre com o mesmo pensamento em busca da subida, isto porque a qualidade do plantel era boa e foi a vontade deles em querer um título, até porque um título não se ganha todos os dias. Os títulos que conquistei foi aqui na Académica com um intervalo de dez anos, e conforme disse e repito espero que não demore tanto a vencer um título, seja eu ou a Académica.
FPD: No último terço do campeonato o que aconteceu para que a vantagem sobre o segundo classificado fosse desvanecendo?
JL: Vários factores, num campeonato tão longo com trinta e oito jornadas e trinta e seis jogos, não há nenhuma equipa que consiga manter uma motivação permanente, e depois no último terço do campeonato tive jogadores a jogar pelos seniores todas as semanas e só jogavam pelos juniores quando os horários permitiam e a partir de determinada altura, os seniores estavam numa posição complicada para não descer de divisão, e em vez de ser um júnior a apoiar os seniores iam dois ou três que jogavam e treinavam, nesta altura o meu plantel era curto, tinha quatro ou cinco jogadores com uma grande qualidade, e embora os outros também a tivessem, caso contrário não faziam parte da Académica de Leça, mas no meu entender não davam as mesmas garantias. Enquanto era um jogador desviado para os seniores as coisas ainda iam correndo de feição, mas quando passamos a ter o núcleo duro nos seniores passou a ser mais complicado, até porque a características do jogo dos seniores nada tinha a ver com os juniores e isso complicou um pouco aquilo que parecia ser um caso resolvido, porque fomos perdendo consistência e foi esse um dos grandes factores de não termos mantido o nosso futsal até ao fim da série porque num campeonato tão longo não é fácil manter os níveis de concentração.
“faço mea culpa, também cheguei a uma certa altura que me relaxei um bocado porque a vantagem era tão grande”
FPD: E não houve da vossa parte um certo relaxamento devido à vantagem pontual que detinham?
JL: Eu posso concordar com essa afirmação e aí também faço mea culpa, também cheguei a uma certa altura que me relaxei um bocado porque a vantagem era tão grande que mais tarde ou mais cedo nós conseguiríamos o objectivo que era ficar em primeiro e que chegaríamos à final, e os jogadores também foram um bocado nessa ideia, não é hoje é amanhã, não é hoje é amanhã e esteve um pouco complicado, mas nós sabíamos os jogos que tínhamos à nossa frente e que iríamos resolver a nossa ida à final antes da ultima jornada e quem viu o nosso último jogo onde empatamos a uma bola com o último classificado e que nos garantiu a conquista da série, viu um jogo onde se as bolas ao poste (sete) contassem, nós tínhamos goleado, mas se por acaso tivesse entrado mais uma na nossa baliza, por certo não estaríamos aqui a falar.
FPD: A Final?
JL: A final, que me desculpe o meu colega do Leões Valboenses, que é um jovem treinador tem menos dez anos do que eu, tem muita vida pela frente, e quem viu aquela final, viu que a única equipa que foi para ganhar foi a Académica de Leça. Foi um jogo em que assumimos o nosso favoritismo desde o início. A outra equipa jogava no erro e nas transições, não alteraram a sua forma de jogar, mas eu alterei a da minha equipa e fiz apenas um treino em duas semanas antes da final, mas no jogo jogado a Académica foi superior.
FPD: Consegues evidenciar um jogador do teu plantel?
JL: É muito complicado evidenciar alguém…
FPD: Mas tinhas no teu plantel três jogadores que actuaram nos seniores?
JL: Sim tinha mas quero destacar o grupo todo, todos eles foram importantes.
“ficou provado que a gestão que fiz do plantel para chegar onde chegamos foi a mais correcta”
FPD: Houve uma situação na 2.ª Festa do Futsal que por pouco não manchou a mesma queres falar sobre isso?
JL: Eu lamento que aquilo se tenha passado, até determinada altura nem me tinha apercebido do que se estava a passar, eu não quero escalpelizar muito, mas isto já vinha de trás, eu sei que as pessoas estão de fora contestam e querem que joguem “A” em detrimento de “B”, a contestação vem daí e quero dizer o seguinte sobre isso, ficou provado que a gestão que fiz do plantel para chegar onde chegamos foi a mais correcta, nós começamos a época no último lugar de um torneio de pré época e terminamos a época no último lugar na Taça dos Campeões, no campeonato onde me apercebi que poderíamos ser campeões, geri o plantel de tal modo que os melhores estivessem em campo, já disse que tinha quatro ou cinco jogadores de alta qualidade e os outros era de boa qualidade porque senão não os tinha escolhido, mas em determinados jogos não podiam jogar e ficou provado, geri o plantel para ganhar, e ganhei. Isto é complicado, o que lamento é que as pessoas não aceitam estas decisões, eu também gosto de ver o meu filho a jogar mas só jogam cinco de cada vez. Os jogadores sabem que nunca preteri ninguém nem nunca prejudiquei ninguém e alguns directores também sabem.
FPD: Quais são as verdadeiras razões de abandonares a Académica de Leça?
JL: Eu tive várias pressões, eu decidi isto num mês, mês e meio antes de terminar a época e nem sequer sabia se chegaria à final, familiares meus pediram para continuar no meu clube de coração, no último jogo da época com o Boavista os jogadores viram a minha comoção por deixar a Académica, por deixar o grupo, agradeci ao Fernando Santos, pois foi ele que me foi buscar e foi ele que me fez treinador de futsal, e prometeu-me também um dia (já agora permite-me esta inconfidência), que se um dia eu tivesse curso de treinador me iria buscar e de facto voltei e para lhe dar mais um título.
Depois de tudo o que se passou durante a época, o que se passou na Festa dos Campeões e depois de tudo isso não tinha condições para continuar, este é um aspecto, ou saía eu ou saíam outros. Também por motivos pessoais que me poderiam impedir treinar a partir de Dezembro, resolvi sair. Tenho determinadas ambições e que fique bem claro que não saio zangado com ninguém, no entanto saio magoado com algumas situações.
FPD: Passamos agora para a índole mais pessoal, quem é o João Lourival?
JL: Sou uma pessoa normal e calma, sei que durante os jogos me transformo, que extravaso tudo o que tenho cá dentro, mas sou uma pessoa tranquila.
“se desculpo os outros, também têm de me desculpar”
FPD: O que tens a dizer quando te digo que teus opositores dizem que nos jogos te transformas e roças a provocação?
JL: Sim é verdade, dizem que sim, mas não o faço por mal, faço sem qualquer tipo de intenção, as pessoas que me conhecem bem sabem que não sou provocador, mas sabes que geria um blogue da minha equipa que agora vai ficar inactivo e tenho algumas mensagens a dizer que provoco as situações com jogadores e equipas adversárias, mas não é verdade. Gosto de me dar bem com toda a gente, mas por vezes com o calor do jogo as coisas saem e isso é normal, mas se desculpo os outros, também têm de me desculpar a mim neste aspecto.
“adoro teatro até porque sou de uma família de actores, mas é o futsal que me preenche”
FPD: Para as pessoas que não te conhecem fora dos ringues, tens outras actividades amadoras e uma delas é o teatro?
JL: Sim é verdade, neste momento temos uma peça em cena que regressa em Setembro, já representei dez dias seguidos no Constantino Nery, numa peça que se chama “Os meninos à roda da mamã”, (do conhecido actor e encenador Henrique Santana), estou em vias a partir de Dezembro fazer parte de uma companhia de Teatro, embora não seja profissional é renumerada e esta é uma das situações no qual poderia ter de abandonar o futsal, espero poder vir a conciliar as duas coisas, na época passada consegui, embora o futsal é aquilo que eu mais gosto de fazer, adoro teatro até porque sou de uma família de actores, mas é o futsal que me preenche.
“Goste ou não se goste, o meu pai é uma figura muito conhecida em Matosinhos”
FPD: Falaste agora numa família de actores quem é a tua família? Eu faço esta pergunta mais devido ao teu pai, porque a grande maioria que anda no futsal não conhece o teu pai e ele é uma grande figura de Matosinhos.
JL: Goste ou não se goste, o meu pai é uma figura muito conhecida em Matosinhos, é o Director da Rádio Clube de Matosinhos (91.0 FM), para quem não sabe é a rádio regional mais ouvida no grande Porto, não há dúvida, também é um homem do teatro da Associação Recreativa Aurora da Liberdade, foi bancário durante trinta anos e tem uma vida multifacetada.
Eu tenho dois filhos, o Pedro 18 anos, abandona o futsal este ano por motivos estudantis que um dia prometi-lhe que se voltasse a Académica faria dele Campeão, isto já ninguém me tira e a minha namorada a Carla que sempre me acompanhou em todos os jogos nos bons e maus momentos e a minha filha Solange 16 anos que ficou privada da minha presença por muitas noites e muitos fins-de-semana devido ao futsal.
“Miramar é um clube com grandes pergaminhos no futsal nacional”
FPD: Passamos novamente para o campo desportivo, já tens um novo projecto para a próxima época?
JL: É sabido que tinha decidido abandonar o futsal por razões que têm a ver com a minha vida particular, mas, apesar de tudo, esteve sempre na minha mente a possibilidade de continuar, e, caso surgisse um convite irrecusável, colocaria a hipótese de fazer um esforço e continuar a conciliar o futsal com uma outra actividade, muito importante na minha vida.
E cá está o irrecusável, o Miramar é um clube com grandes pergaminhos no futsal nacional, por isso não podia perder esta oportunidade, agradecendo desde já a confiança depositada em mim pela direcção do clube. O projecto apresentado é ambicioso e permite-me continuar a lutar pelos lugares cimeiros e, desta vez, na 1ª Divisão.
FPD: Para finalizar penso que tens agradecimentos a fazer…..
JL: Quero agradecera a três pessoas importantes na minha carreira no futsal.
Em primeiro lugar ao meu amigo e técnico de futsal Hélder Soares por permitir que fosse seu adjunto durante cerca de dez anos e mesmo sem eu ter qualquer curso, acreditou em mim e nunca abdicou dos meus serviços. Muito do que sei a ele o devo.
Em segundo lugar a mais um grande técnico e amigo o David Gonçalves, que foi importante na preparação da grande final.
Guardo para último lugar o meu adjunto Artur Delfim, amigo pessoal e colega de trabalho. Esteve esta época a meu lado e sem qualquer tipo de simpatia "forçada" por ser meu amigo, destaco a sua importância na forma como me ajudou a gerir a equipa em termos mentais e psicológicos o que um facto primordial em qualquer grupo de trabalho.
futsal-porto-distrital: João, obrigado por acederes esta entrevista e te abrires ao mundo e te dares a conhecer um pouco mais, e felicidades para o teu novo projecto..
João Lourival: E eu a ti Artur Moreira, por me teres dado a oportunidade de falar sobre esta época que foi muito importante para mim.
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