terça-feira, 26 de outubro de 2010

Artigo de opinião por José Teixeira

As inscrições de jogadores
Antes de mais o meu obrigado pela oportunidade que o “futsal-porto-distrital” me dá para expressar a minha opinião.
A questão que coloco é: “Estarão correctos os períodos de inscrições de jogadores, principalmente nos escalões de formação mais jovens?"
Nesta altura que já passou um mês de campeonato, ainda há quem esteja a efectuar inscrições de jogadores. Eu não sou contra esse facto porque a lei, na minha perspectiva com interesses meramente económicos, assim o permite, e se existir motivo para tal, não vou ser hipócrita, no meu clube também usufruímos dessa vantagem.
O que me preocupa sinceramente é saber se desportivamente é correcto existir um período tão alargado para realizar inscrições e se não deveria haver legislação que definisse o número máximo de atletas inscritos por escalão em cada época desportiva, salvaguardando sempre excepções.
Competir é saudável mas sempre salvaguardando algumas premissas essenciais como a verdade desportiva e o desenvolvimento do jovem enquanto Homem e atleta.
Talvez por isso olho para algumas realidades e deparo-me com a seguinte situação: jogo na primeira volta contra determinados jogadores de determinada equipa e na segunda volta quando nos voltamos a encontrar deparo-me com uma equipa completamente nova.
Sem querer ferir qualquer susceptibilidade sou levado a pensar que os atletas que não “prestam” são, vou dizer assim “encostados” e não estou a falar de seniores estou a falar de idades entre os 8 e os 13/14 anos.
O que leva a questionar se os pensadores do nosso futsal, a nível associativo e federativo, estão atentos ou não a este processo contra natura de selecção de valores individuais.
A consequência destes actos levam a reflectir se efectivamente devíamos formar para competir ou se competimos para formar.

8 comentários:

  1. Escreve-lhe alguém que já "viveu" o futsal por dentro mas que actualmente está totalmente afastado desse "mundo".
    A questão que coloca é pertinente e obviamente motivo para longo debate, o qual não se compadece com este espaço. No entanto, coloco-lhe uma pergunta:
    - Na pré-época e tendo, por exemplo, 30 jogadores a treinar num determinado escalão inscreve-os a todos? Ou será que também não "encosta" os mais "fracos"?
    O que eu acho é que jogadores com 8/9/10 anos são muito novos para competir e lutar por um título, isso sim desvirtua a formação como homem e atleta. O seu racicionio tem a sua lógica mas não é suficiente, pois o problema é outro.
    No meu entender uma criança com aquelas idades anos não pode ser sujeita "à pressão" de ganhar ou perder e de ser "melhor" ou "pior" que o companheiro, motivos pelos quais surge a desmotivação e o esvaziamento de muitas colectividades.
    Saudações.
    Ricardo Viana

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  2. Concordo com o Sr. Ricardo Vieira.
    Até à idade de juvenil, o prazer de jogar futebol ou futsal, ou qualquer outra modalidade, DEVE ser por prazer e para ajudar os jovens a saber o que é trabalhar numa equipa, competir com regras e acima de tudo TER FAIR-PLAY.
    Incutir a mentalidade de VENCEDOR ou PERDEDOR nessas idades é um FALSO exemplo. Vejo inúmeras equipas de escalões jovens onde os Treinadores insultam as crianças nos balneários, mal tratam os pequenos com acusações de PERDEDORES. Enfim ... que educação desportiva é esta?
    Concordo que as inscrições estejam abertas até tão tarde. Deviam estar para novas equipas também e a AFP formar mini-campeonatos de Janeiro a Maio em certos escalões. Não faltam JOVENS que queiram jogar e praticar desporto SAUDÁVEL.

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  3. Cara Helena,

    A senhora foi ao cerne da questão... eu não fui tão longe quanto a senhora foi, mas está repleta de razão!

    Cumprimentos.

    P.S.: Ricardo VIANA (não é que tenha alguma coisa contra o nome Vieira, mas sou VIANA).

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  4. Como treinador, concordo TOTALMENTE com todas estas observações, alias, já por várias vezes cruzei-me por esses pavilhões com vários jogos de camadas jovens, como Infantis e Iniciados e ás vezes assiste-se a certos discursos mais exaltados com crianças com as quais não posso concordar de forma alguma. Sou treinador de Juniores, e ai as coisas são bem diferentes, ai já existe alguma "pressão" para ganhar, o que é saudável e "necessário", uma vez que estão a caminho dos Séniores e têm que se preparar para o que está para vir!
    Sinceramente sinto vontade de treinar escalões de formação mais baixos e é minha maneira de pensar que as crianças devem aprender futsal nessas idades sem pressão de ganhar, apesar de que incutir nas crianças um espirito vencedor seja sempre positivo. A minha maior duvida é, enquanto treinador, se não existe uma "exigência" por parte da maioria dos clubes e das direcções dos mesmos, na obtenção de resultados! Em muitos clubes, independentemente do escalão ou da idade, a necessidade de vencer é sempre superior á de dar ás crianças a oportunidade de aprender e de crescerem como atletas e como homens, será que essa mentalidade não devia mudar? Secalhar é essa ânsia de resultados que muitas vezes afasta alguns miudos com talento da modalidade, porque em certos sitios não lhes dão hipotese de crescer e o mesmo se pode dizer acerca do treinador, que acaba por ser "corrido" por não ter como prioridade vencer, mas sim de formar jovens atletas!

    Acho um excelente tema de debate, e que deveria ser olhado com mais atenção!

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  5. Caros amigos/as

    Com o crescente número de praticantes ao nível de crianças e adolescentes na prática dop futsal, cresce também as participações destas nas competições. No entanto, observa-se, em relação aos quadros competitivos do desporto federado, que estes são, lamentavelmente, uma réplica, ou uma adaptação das formas de organização do desporto de alta competição, os quais são aparentemente aplicados às crianças e aos adolescentes.
    As crianças não devem ser “sacrificadas” e
    “hipotecadas” com a ânsia de sucesso de curto prazo, a prática deve, sobretudo nestas idades, ser agradável, progressiva, organizada a partir da compreensão dos componentes tácticos e regulamentares da modalidade.

    Dito isto, discutir determinados "fait-divers" não é de todo a maneira mais hábil para termos um futsal melhor!

    Cumprimentos.
    Ricardo Viana
    Cumprimentos.

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  6. Não sei se quando o Sr. Ricardo Viana se referiu a "fait-divers" se estava a referir a algo que tenha mencionado no meu post, se assim foi não percebo porquê, até porque na generalidade parece que concordamos quase totalmente. Seja como for, concordo totalmente com o que disse, só espero que no futuro a mentalidade em relação à formação de jovens seja analisada de outra forma e que os muitos jovens praticantes de futsal tenham tempo para crescer enquanto atletas como enquanto homens sem pressões de resultados e sem pressas de forma a poderem desenvolver todas as suas capacidades de forma harmoniosa e saudavel!

    Cumprimentos

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  7. Esta é uma questão deveras pertinente e concordo, com a NÃO COMPETIÇÃO em idades abaixo de juvenil, mas é complicado mudar mentalidades. Seria um grande passo, se deixasse de haver competição de escolinhas e infantis, pelo menos nestes dois escalões. Os Clubes poderiam adoptar por ter novos projectos de Academia ou escolinhas, de formação apenas, sem a vertente competitiva.
    O nosso caso é esse, mas não tem sido fácil, também porque as questões da maioria dos pais, ao abordarem-nos, vai sempre direccionada para a competição! É urgente mudar mentalidades.

    www.academiafutsal-oslobitos.blogspot.com

    Cumprimentos
    Ricardo Vilela

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  8. Caro Alexandre,

    Os "fait-divers" que eu me refiro não são "dirigidos" a si. Caro amigo (se me permite) se leu o meu comentário é porque leu anteriormente o artigo que foi alvo dos meus comentário, logo, para bom entendedor meia palavra basta.
    Não retiro qualquer legitimidade e oportunidade a quem escreveu o artigo de opinião, no entanto, julgo que a discussão em torno das inscrições de novos jogadores é um facto de pouco relevo tendo em conta tudo o que já foi aqui dito por a maioria de quem comentou o artigo.
    Cumprimentos.
    Ricardo Viana

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