Entrevista a Pedro Azevedo
Retomamos hoje a rubrica “Tempo Morto” entrevistando novamente um treinador.
Não um treinador qualquer. Na minha opinião, o melhor treinador dos distritais da AFP.
Trata-se de Pedro Azevedo, actual treinador do Arsenal de Parada, da divisão de honra da AFP.
É um regalo vê-lo nos jogos. Descolado do banco, em pé, de atalaia a todas as acções defensivas e ofensivas, é sempre assim. É um estilo. Enérgico (diferente de eléctrico).
Está sempre atento, procurando aconselhar os seus atletas nas movimentações.
O seu discurso chega aos jogadores. A mensagem passa bem e é interiorizada, os jogadores compreendem bem o que ele quer e acreditam nele.
Em suma: liderança, capacidade de trabalho, coragem e ambição estão sempre presentes neste treinador de eleição.
Óscar Rosas [OR]: Pedro qual o seu percurso desde que é treinador?
Pedro Azevedo [PA]: Apesar de ainda ser relativamente jovem – tenho apenas 35 anos – passei já por inúmeros clubes, a saber: Alto de Avilho (em femininos), no qual obtive um título, Joarte, treinador das selecções da AFP, Clube Académico de Sangemil (subida de divisão), F.C. Transilvania (Roménia), Arreigada (apenas metade do campeonato), Miramar (Subida de divisão), Cohaemato e Arsenal de Parada, onde actualmente me encontro.
OR: Tem a noção de que é um treinador prestigiado?
PA: Sem falsas modéstias, tenho essa consciência. Tenho satisfação e orgulho pelo trabalho que desempenhei pelos clubes por onde passei.
OR: Falemos agora um pouco da actualidade. Qual o objectivo final do Arsenal de parada para esta época?
PA: É muito pragmático. É dar condições aos atletas para terem desempenhos que dignifiquem o futsal em geral e o Arsenal de Parada em particular. Passa também por recuperar a identidade perdida pelo clube nos últimos anos. O Arsenal de Parada, historicamente, tinha sempre grupos fortes que, por motivos vários, se desmoronou e os atletas que os substituíram não estiveram à altura de darem continuidade à identidade do clube. Essa lacuna foi detectada, renovou-se o plantel, e tentou-se criar um grupo forte para que o Arsenal de Parada fosse, novamente, respeitado. Essa aposta, na minha opinião, está a ser ganha.
OR: Este bom início do campeonato surpreende-o? Esta onda de euforia que foi criada, nomeadamente após a vitória sobre o Sangemil, é positiva?
PA: Este bom início do campeonato não me surpreende já que sei a forma como temos trabalhado e o valor dos meus atletas. Quanto à onda de euforia ela não foi criada por nós pelo simples facto de termos ganho ao Sangemil (se calhar o maior favorito à vitória final). O Arsenal ganhou esse jogo porque teve um colectivo mais forte, só isso.
OR: Não receia uma eventual menor motivação dos seus atletas?
PA: Não. É isso que queremos evitar, é contra isso que temos de lutar, é a mensagem que queremos passar. Não podemos menosprezar os adversários.
OR: O que espera dos próximos jogos?
PA: Continuar a ganhar. Apesar de saber que o Sache é sempre um adversário complicado e que o Praia-Mar se encontra motivado pela recente substituição da sua equipa técnica.
OR: Na sequência do já referido bom início do campeonato não receia que possam surgir clubes interessados nos teus melhores jogadores? Se isso acontecer como reage?
PA: Com frieza. Os interesses tocam sempre a todos os jogadores de uma diferente, mas o Arsenal de Parada não dorme. Ver alguém partir numa época em que achamos que podemos dar um grito de revolta seria penalizador. O que vou transmitir ao Presidente é que não vou prescindir dos meus jogadores. Os sonhos deles podem ser alimentados relativamente a outros clubes de maior dimensão ou de maior poderio económico. Têm ambições individuais mas não podem sobrepor essas ambições ao nosso objectivo colectivo.
De qualquer forma, acho que o grupo está forte e que ninguém quererá, por ora, sair. Uma coisa é certa, só queremos no clube jogadores que queiram cá estar de alma e coração.
OR: Como observa o crescimento de alguns dos seus atletas como, por exemplo, o Pedrinho?
PA: Com satisfação. É, na verdade, um enorme crescimento que traz a esse jogador, e a outros, novos desafios e novas motivações. Sempre acreditei na explosão de alguns desses atletas, nomeadamente após ter a percepção da inteligência dos mesmos na absorção do modelo de jogo adoptado.
OR: Uma pergunta pessoal. Quais acha que são as suas principais virtudes e defeitos como treinador?
PA: Sou suspeito para responder a essa pergunta sobre mim, mas sempre poderei adiantar que o meu principal defeito será ser extremamente exigente, talvez mesmo perfeccionista, com tudo aquilo que roda à volta da minha equipa.
Quanto a virtudes talvez realce o facto de ser trabalhador, dedicado e honesto com os meus atletas.
Se me permite, e antes de finalizar esta entrevista, queria deixar uma mensagem de reconhecimento e agradecimento a vários treinadores que contribuíram para o meu “crescimento” como treinador, a saber: André Teixeira, Artur Melo, António Ulisses, Carlos Rocha e Zego. Também um sublinhado para os meus actuais adjuntos Hugo Sequeira e Pedro Cortez que têm sido inexcedíveis na colaboração que me têm prestado.
OR: Ok Pedro, obrigado por esta interessante entrevista.
Por Óscar Rosas



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