segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Tempo Morto por Óscar Rosas

Entrevista a Teixeira Leite
Depois de termos entrevistado um treinador (Miguel Pereira) e um atleta (Marco Almeida), hoje entrevistamos uma personalidade ligada à arbitragem.
O nosso entrevistado é Teixeira Leite, autêntica eminência parda da arbitragem do futsal distrital da AFP.
Arbitro durante 21 anos, terminou a sua carreira em 1999. A partir daí foi observador dos árbitros nos campeonatos nacionais de futsal. Em 2003 entrou para a Comissão Técnica da FPF. Em 2005 assumiu a coordenação do Conselho Técnico da AFP, cargo em que se mantém actualmente.
O seu prestígio e competência são inquestionáveis. É a face visível da arbitragem de futsal da nossa associação.
Vamos à entrevista.
Óscar Rosas [OR]: Como analisa a situação actual da arbitragem da AFP?
Teixeira Leite [TL]: O panorama actual da arbitragem na nossa associação é claramente positivo. O nível médio dos árbitros melhorou bastante nos últimos anos, graças à meritória acção desenvolvida pelo actual Conselho de Arbitragem, que tem dado apoio e condições para a evolução dos nossos árbitros, nomeadamente através da realização de diversas acções teóricas e práticas.
A Comissão Técnica que coordeno está sempre pronta para efectuar essas acções. Pena é que alguns árbitros não tenham a disponibilidade de tempo suficiente para assistirem às mesmas.
OR: Como observa o crescimento do futsal em Portugal e nomeadamente na AFP?
TL: Com muita satisfação. Esse enorme crescimento traz contudo desafios, nomeadamente ao nível da formação, sobretudo a de base.
OR: Qual é o objectivo principal deste Conselho de Arbitragem para o presente mandato?
TL: Eu não sou director do CA. Essa pergunta deveria ser dirigida ao seu presidente, Sr. Carlos Carvalho. De qualquer maneira poderei adiantar, a título pessoal, que o objectivo é muito pragmático. Será dar condições aos árbitros para que ao longo da época possam ter desempenhos que dignifiquem o futsal.
OR: O que pensa do actual modelo de avaliação dos árbitros? Deve aumentar ou ser reduzido o peso do papel dos observadores dos árbitros?
TL: O actual modelo de avaliação dos árbitros está longe de ser o ideal mas reconheço que é o possível. É baseado, essencialmente, nos testes de início de época (físico/práticos e teóricos) e nas observações a que são sujeitos (3 a 4 vezes por época, dependendo da sua categoria).
Os observadores são, neste momento, o elo mais fraco da arbitragem. Sinto que muitos observadores não estão devidamente preparados para esse papel. No nosso corpo de observadores, composto obrigatoriamente por ex-árbitros, existem pessoas que têm alguma dificuldade em transmitir, por escrito, aquilo que se verifica na superfície de jogo.
De qualquer forma o referido corpo de observadores (16 no total) começa a estar muito mais preparado, sobretudo devido à importante acção desenvolvida pelo responsável do sector da formação, Sr. Albino Nogueira, que tem sido incansável na criação de condições que lhes permitam melhorar.
OR: É sabido que, por vezes, se verificam nomeações de árbitros polémicas. Quais os critérios de nomeação dos árbitros?
TL: Essa pergunta deve ser feita ao Sr. Carlos Vigário, responsável único pela nomeação dos árbitros. Poderei no entanto adiantar que qualquer nomeação permite sempre diverso tipo de conjunturas. Contudo nunca está em causa a capacidade dos designados.
OR: Considera que os árbitros, genericamente, são pressionáveis?
TL: De uma forma geral considero que não. Porém, tal como em qualquer outra actividade, há sempre os que são pressionáveis e os que não o são.
OR: Última pergunta, o que pensa da introdução das novas tecnologias no desporto, nomeadamente no futsal?
TL: Discordo. Penso que a médio/longo prazo as novas tecnologias não vão entrar no futsal. Na minha opinião só iriam prejudicar o crescimento da modalidade. A superfície de jogo é reduzida e os 2 árbitros que dirigem o jogo, se cumprirem o que está determinado, estarão sempre em condições de tomarem as decisões acertadas. Mas erros sempre os haverá.
OR: Obrigado por esta interessante entrevista.
Por Óscar Rosas

3 comentários:

  1. Esta entrevista é um justo valor a quem trabalha de forma árdua e sem fins lucrativos em prol da Arbitragem Distrital da Associação de Futebol do Porto - Futsal. Um bem-aja aos senhores Óscar Rosas e Artur Moreira.
    Jorge Sequeira

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  2. Sou Delegada de um clube de escalão infantil e responsável pela formação desse clube.
    Vejo com agrado a entrevista feita a um dos elementos responsáveis pela arbitragem, abrindo assim uma excepção neste meio tão distante e sombrio para os clubes.
    Embora as perguntas feitas e as respostas dadas esclareçam algumas dúvidas, a principal pergunta ficou por responder.
    QUAIS OS CRITÉRIOS NA NOMEAÇÃO DOS ÁRBITROS?
    Indigno-me com este aspecto porque, ao longo do ano desportivo, surgem árbitros e árbitras ao domingo de manhã a dirigir os jogos do meu modesto clube e, se não estivesse lá ninguém ou estivesse lá um "poste" preso no meio campo era a mesma coisa.
    Aprecem, uma vez ou outra, árbitros conhecidos, mas a grande maioria é lixo.
    HÁ uma coisa patente para TUDO, seja para jogar futebol, seja para ser médico, seja para ser árbitro => TALENTO NATURAL.
    O que vejo é "miúdos" e "miúdas" apitarem jogos e os seus padrões de formação são ZERO e o seu talento são ZERO. Não têm "queda" para serem árbitros e insistem. Porquê? ... não sei responder e não encontro resposta.
    Portanto e concluindo. OR, gostaria de ver aqui uma entrevista a esse Sr. responsável pela nomeção dos árbitros, se for possível.

    Helena Morais

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  3. É com agrado que verifico que deixaram falar o Sr. Teixeira Leite. Mas como é obvio, e por razões que todos conhecem, este não iria dizer em publico, quais os verdadeiros problemas da arbitragem da AFP, ficando melhor na fotografia, sendo conivente com os demais superiores hierárquicos.

    Por outro lado, vejo que ainda existem pessoas atentas, como a leitora atrás, que menciona um caso grave, que persiste em acontecer semana após semana.

    Lamento, que o CA não tenha tido ainda a coragem de limpar o seu próprio “ninho”, e deixem que certos árbitros, andem por esses pavilhões a denegrir a classe.

    À uns tempo atrás, li em outro site da modalidade, um artigo de opinião sobre a conduta do arbitro que relata na perfeição, estas situações…

    De igual modo não se compreende, como é possível, que árbitros que tirem notas negativas nos seus testes escritos, sejam nomeados para arbitrar jogos!!!

    Como é que um arbitro que tem nota negativa no seu teste, pode ou tem capacidade para aplicar as leis de futsal num jogo que vá arbitrar? Podem-me explicar?

    Seria agradável ver o sr Carlos Vigario, responsável pelas nomeações, a responder a estas questões… mas sem prepotências, com é seu timbre!

    O Futsal, necessita urgentemente de ser gerido por pessoas novas e que pensem somente em FUTSAL, e não como acontece actualmente, que são pessoas oriundas do Futebol 11, que estão à frente dos desígnios da modalidade…
    Mudem de atitude, caso contrario vai acontecer ao Futsal, o mesmo que aconteceu ao futebol!

    Bem hajam por este blogue.

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